terça-feira, 7 de janeiro de 2014

CCC – Canais Curtos de Comercialização. Estratégia para o desenvolvimento rural sustentável e uma dieta saudável. (3)



Dimensão sociocultural e econômica da Agroecologia

Além da exploração correta da natureza, a Agroecologia visa melhorar a qualidade de vida nos sistemas socioculturais locais, atingindo uma maior equidade. É assim que aparece a dimensão socioeconômica da Agroecologia como estratégia para obter um maior bem-estar da população através das estruturas participativas.

Assim a Agroecologia assume que as praticas sustentáveis de manejo dos recursos naturais dependem tanto de aspectos técnicos e ecológicos como do estabelecimento de um conjunto de componentes sócias e relacionais organizados de forma diferente de como propõe o discurso da industrialização convencional.
Entre os fundamentos do sistema social dum agroecossistema existem parâmetros e componentes.

  • De um lado, basicamente sociais nos que são contempladas questões relacionadas com a posse da terra;  as relações entre proprietários e trabalhadores agrícolas; relações entre produção e consumo; canais de comercialização e relações de confiança estabelecidas.
  • De outro lado, basicamente econômicos onde se considera o agroecossistema como produtor de alimentos e aponta a importância na economia do entorno onde está inserido; a dependência ao respeito de forças externas; a relação entre esta dependência a autonomia  e a capacidade de decisão econômica e social do sistema agrário, entre outros.


 De acordo Ottmann (2005), há três características em qualquer processo agroecológico atendendo os elementos da vida social e econômica:

  1.  Ser gerador de autonomia  de gestão e controle: Os moradores da área devem ser os atores na gestão e controle dos elementos chave dos processos de transformação.
  2.  Incentivar a minimização das externalidades negativas  nas atividades produtivas, através por ex. de redes locais de intercambio de insumos, ou de redes locais de geração de confiança sobre os produtos ecológicos, como elementos de resistência  e enfrentamento ao controle externo exercido por atores externos ao contexto local.
  3.  Potenciar os canais curtos de comercialização aproximando os processos de produção, distribuição e consumo e estabelecendo redes de conhecimento mutuo e confiança entre os diferentes atores da cadeia alimentar.

Dimensão Política da Agroecologia

A articulação dum conjunto de experiências produtivas mediante projetos políticos que visam a nivelação das desigualdades geradas no processo histórico constituem a dimensão política da Agroecologia. Toda intervenção agroecológica que não consegue diminuir as desigualdades sociais do grupo social onde é aplicada, não satisfaze os requisitos da Agroecologia, pois os sistemas de estratificação social desequilibrados constituem uma doença ecossistêmica.

O conceito de transformação rural proposto, amparado nos princípios da Agroecologia, baseia-se na descoberta, na sistematização, análises e potencialização dos elementos de resistência locais fronte ao processo  de modernização, para através deles, desenhar estratégias endógenas de mudanças, definidas de forma participativa da própria identidade local do etnoagroecossistema especifico onde nos situamos.
Para ter uma visão integral e integradora desde a Agroecologia e a Soberania Alimentar se propõem e practicam processos de relocalização da produção e o consumo de alimentos  e o controle participativo entre produtores e consumidores dos processos de distribuição. A prioridade aos mercados locais ´e o tripé do cambio de modelo agroalimentar tratando de atingir um consumo alimentar sustentável para as agriculturas campesinas.

Nessa direção a revalorização das culturas alimentares locais se considera de grande importância para resistir ao imperialismo alimentar que atenta contra a diversidade das culturas alimentares  dos povos , suas identidades nacionais, culturais e étnicas..

Essas resistências alimentares se caracterizam por:

  • Uma crescente utilização dos recursos internos e tendência à uma agricultura de baixos insumos 
  • Novas formas de cooperação entre agricultores  e entre estes e os consumidores.
  • Novas formas de pluriatividade
  • Circuitos alternativos de proximidade de comercialização
  •  Diversificação das produções á novos mercados com critérios , não exclusivamente mercantis.
  •  Eficiência técnica ambiental, geralmente, em base à agricultura ecológica.
São experiências produtivas e de consumo emergentes, essencialmente na forma de cooperativas e de agricultura familiar que visam recuperar formas tradicionais de manejo para, através delas, desenvolver sistemas alimentares sustentáveis.

(Continua no seguinte post)

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